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Anthony Bourdain

"VOCÊ TEM QUE SE PERDER ANTES DE SE ENCONTRAR."

"Eu encontrei minha felicidade aqui, e tudo que consegui ainda está aqui"

Anisio Evangelista

Dentre as relações sociais em uma comunidade é possível encontrar residentes dispostos a manter estável sua cultura e união. No acesso SP 304 (Piracicaba/São Pedro), encontra-se um pequeno paraíso pantaneiro pouco conhecido pelos piracicabanos.

 

Sua origem data da década de 1960. Uma população formada por famílias ribeirinhas do litoral de Santos e outros portos, pouco favorecida pelas cidades vizinhas em desenvolvimento, juntou-se para viver principalmente da pesca. Assim origina-se o bairro, com ares de vilarejo, Tanquã.

 

A área de 38,8 km quadrados, habitada por cerca de 20 famílias, era totalmente despovoado há sessenta anos e teve inserido em seu espaço pequenos ranchos. Com o conhecimento em pesca, criação de animais e construção de barcos, os ribeirinhos passaram a viver em um processo de subsistência, até conseguirem lucrar para realizar consumo dentro da cidade.

No processo de posse desta área, os novos moradores instigaram, também, aos cidadãos de Piracicaba e região à conhecer o lugar, até então desconhecido pela maioria dos habitantes da região e, dessa forma, o bairro foi crescendo. Hoje o Tanquã é contemplado por 70 ranchos, em que as pessoas que nele moram, o utilizam, também, como espaço de lazer e descanso.

 

Depois da ocupação, as áreas em torno do local começaram a ser compradas por fazendeiros e criadores de gado, prática que se instalou do perímetro da represa de Santa Maria da Serra até o bairro Ártemis, deixando a vila dos pescadores isolada. Nesse período de isolamento, os moradores montaram sua própria organização econômica e tiraram seu sustento do Rio Piracicaba, de seus animais, da pesca e da terra, fazendo dele um lugar ideal para viver.

 

Após 20 anos de estabilidade no local, seus residentes foram informados que o lugarejo seria inundado para a construção da hidrovia Piracicaba-Tiete, trazendo para a região o crescimento de 45 km para transporte de grãos e cana. Na época a notícia assustou a todos por não terem escritura ou qualquer comprovante de que aquelas terras pertenciam a eles. Para resolver a situação, os habitantes uniram-se e conseguiram a comprovação do uso das terras do Tanquã.

 

 

 

Carlinhos fala também sobre a barragem e os impactos para as famílias ribeirinhas em relação ao trabalho pois, desde os rumores acerca do projeto, não foi explicado se as espécies de peixes continuarão à disposição para a pesca e como serão as novas moradas, oferecidas de modo a substituir os ranchos que serão inundados. 

Uma das figuras locais que passou pelo processo de criação e legalização da área foi Anísio Evangelista, de 82 anos, responsável pela fundação do bairro e orgulhosamente reconhecido pela população ribeirinha. Apesar de morar sozinho, Anísio conta que uma das maiores felicidades e conquistas de sua vida foi mudar-se para o vilarejo há 45 anos, no qual atuou durante 20 anos como pescador e hoje vive da venda de queijos e leite. O lugar significa, em suas próprias palavra, “tudo” e não passa por sua cabeça trocar a casinha em que vive por outra morada.

 

Membro da Associação de Pescadores e Moradores do Bairro Tanquã (AspetaPir), Carlos Cesar Giacomini Bernal, 45, conhecido como Carlinhos, explica que a sobrevivência que tira a partir da pesca é suficiente para sua felicidade. Deixou a profissão de caminhoneiro para, há 25 anos, viver às margens do rio que beira o bar gerido por ele e batizado com seu apelido.

 

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